Início Ásia China Pingyao, cidade museu na China

Pingyao, cidade museu na China

0
Pingyao, cidade museu na China
Viajar na China. Dicas de viagem para a cidade de Pingyao

Passa pouco da meia noite quando sou acordado pelo revisor do comboio nocturno de Datong para Pingyao. Na estação tenho à minha espera um funcionário do hotel onde vou ficar, que me leva até lá. Segundo me informaram antes, no centro histórico não podem entrar táxis, pelo que dada a hora tardia da chegada, optei por pedir este serviço.

Comboio nocturno à chegada a Pingyao na estação
Comboio nocturno à chegada a Pingyao

Assim que cruzamos a porta da muralha, o cenário é surreal. A iluminação pública é quase inexistente, sendo a escuridão quebrada por pouco mais que algumas lanternas vermelhas penduradas nos edifícios.

Nos pátios do hotel Chengruihan continua a minha viagem neste cenário da China ancestral. A pedra negra, a luz vermelha, as misteriosas portas de madeira, compõem este cenário que será a minha morada nas próximas duas noites.

Pátio de hotel em edifício antigo chinês à noite, iluminado por lanternas vermelhas, na cidade de Pingyao, China
Lanternas vermelhas iluminam a noite no hotel

Pelas ruas de Pingyao

Depois de um rápido pequeno almoço saio para iniciar a visita a esta cidade museu. As comparações com a vila de Óbidos são inevitáveis: no centro histórico todos os edifícios mantém o traço tradicional, aqui com pedra negra e telhados de cerâmica escura.

Também aqui há um liquido afamado: não é a doce ginja, mas o amargo vinagre, armazenado em gigantescos potes de barro, omnipresentes nas lojas da cidade. Depois há o artesanato, as recordações industrializadas, os brinquedos, as roupas, as comidas de rua.

Bonita torre de madeira no dentro da cidade de Pingyao
Torre central de Pingyao

Do que foi outrora, a Pingyao parece pouco mais restar que as pedras. Se este é o preço a pagar por uma cidade museu, não deixa de ser uma pechincha, se tivermos em conta que é talvez a única na China com um centro histórico totalmente conservado.

Rua ancestral chinesa em Pingyao com candeeiros vermelhos, cão e bicicleta .
Nas ruas de Pingyao viaja-se no tempo até uma China ancestral

Um bilhete para todos os museus

Nos edifícios onde outrora funcionavam ancestrais instituições bancárias e outras relacionadas com o comércio, existem hoje vários museus que contam um pouco da história da cidade e dessas actividades.

Para os visitar, assim como à maioria dos restantes monumentos, templos e muralhas, há um bilhete único por 125RMB válido por três dias, vendido em vários pontos da cidade.

Museu do Banco de Remessas de Xietongqing

Localizado no edifício do banco fundado em 1856 este museu apresenta as várias salas decoradas com o mobiliário original e figuras em tamanho real que permitem ter uma ideia de como era o funcionamento destas instituições.

Pátio no museu do Banco de Remessas de Xietongqing em Pingyao.
Museu do Banco de Remessas de Xietongqing

A zona mais interessante é a cave que funcionava como cofre onde era armazenado o ouro e a prata dos depositantes. Estes metais preciosos eram moldados não em barras, na numa forma semelhante a um barco (ou um chapéu). Os que vemos hoje são obviamente, réplicas pintadas.

Depósito de lingotes de ouro e prata em museu de Pingyao
Ouro e prata falsos na cave do museu do Banco de Remessas de Xietongqing

Museu da escolta Chinesa

Foi um dos mais interessantes que visitei em Pingyao. Também associado aos negócios bancários e do transporte de valores, são apresentadas as técnicas de defesa, assim como de transporte e dissimulação dos metais preciosos.

Fotografias antigas de transporte de valores no museu da escolta chinesa em Pingyao
Fotografias antigas de transporte de valores.
Carroça para transporte de valores na China antiga
Carroça para transporte de valores.

Para quem viaja com crianças, há uma zona onde por um valor extra, se pode fazer tiro com arco e experimentar réplicas das armas.

Museu do mobiliário dos mercadores de Baichuantong

Bonitos biombos descorados com marfim e madre-pérola, móveis em madeira trabalhada e porcelanas, são o que se destaca neste museu, junto ao cruzamento entre a rua Sul e a rua YaMen.

Sala com moveis em madeira trabalhada, cerâmica e pedra no museu do mobiliário dos mercadores de Baichuantong em Pingyao, China
Museu do mobiliário dos mercadores de Baichuantong

Templo do Deus da Cidade

Passando sob o monumental pórtico de madeira e telhas coloridas, no primeiro pátio sou recebido por um corredor ladeado por estátuas dos animais dos anos chineses. São muitas as fitas de oração junto ao altar principal, num espaço bastante agradável.

Musicos com roupas tradicionais no interior do templo do Deus da Cidade em Pingyao, China
Bonito templo do Deus da Cidade

Mas o que me chama mais a atenção é uma sala onde são exibidas várias figuras, quiçá demónios, torturam, desmembram a infernizam o pouco que restará da vida aos pobre mortais.

Figuras de demónios a torturar e cortar humanos no templo do Deus da Cidade em Pingayo, China
Circo dos horrores no templo do deus da cidade em Pingyao

Templo de Confúcio

O enorme complexo onde se insere o templo de Confúcio assemelha-se na arquitectura ao templo do Deus da Cidade. Aqui, para além dos alteres, há uma zona que era no passado dedicada ao ensino e ao exames para os funcionários imperiais.

Porta principal do templo de Confúcio em Pingyao
Porta principal do templo de Confúcio
Pátio no interior do templo de Confúcio
Pátio no interior do templo de Confúcio
Vista da cidade de Pingyao com os seus telhados, a partir de torre no templo de Confúcio. Construções tradicionais chinesas
Vista da cidade a partir de torre no templo de Confúcio

Painel dos 9 dragões

À saída do templo de Confúcio pode-se admirar um painel de cerâmica com os 9 dragões, imponente, mas sem o colorido do que se pode ver na Cidade Proibida em Pequim

Painel dos 9 dragões em Pingyao
Painel dos 9 dragões em Pingyao

Museu da câmara do comércio chinesa

Parede meias com o hotel onde estava hospedado, este museu e a sua arquitectura faziam em tudo lembrar o hotel. Lá dentro, a exposição foca-se nos negócios da China em tempos passados com vários países estrangeiros.

Recanto do museu da câmara do comércio chinesa. Construção tradicional chinesa
Recanto do museu da câmara do comércio chinesa
Fotografias e mesa no museu da câmara do comércio chinesa
Interior do museu da câmara do comércio chinesa

Museu de Artes Marciais de Hui Wu Lin

Este é um museu a não perder para os amantes das artes marciais, mas não só. São apresentadas armas, ilustrações de combates e outros objectos relacionados.

Curiosamente há uma zona neste museu dedicada à caligrafia chinesa onde é possível adquirir notáveis painéis dos quais, sinceramente, não sei o significado.

Quadro no museu de Artes Marciais de Hui Wu Lin com homem em várias posições
Quadro no museu de Artes Marciais de Hui Wu Lin
Escrita em caracteres chineses no Museu de Artes Marciais.
Escrita em caracteres chineses no Museu de Artes Marciais

Museu do Banco Rishengchang

Bem no centro da cidade, este museu ocupa o edifício onde no início do século XIX foi fundado o primeiro banco de cheques chinês.

Recanto do Museu do Banco Rishengchang. Construção tradicional chinesa
Recanto do Museu do Banco Rishengchang
Porta no Museu do Banco Rishengchang. Construção tradicional chinesa.
Porta no Museu do Banco Rishengchang

Templo de Erlang

No último dia, quando caminhava para a porta Sul para apanhar o autocarro para a estação de comboios de alta velocidade ainda parei no templo de Erlang.

Templo de Erlang em Pingyao

Palácio do Governador

Com uma função administrativa, diferente dos templos e museus que visitei anteriormente na cidade, o palácio do governador revela-se um dos mais interessantes locais que visitei em Pingyao.

Porta do palácio do Governador de Pingyao

Para além dos vários salões para a recepção de convidados, reuniões de trabalho ou para a vida quotidiana do governador da cidade comuns a outros palácios pela China, gostei particularmente da zona da prisão e da torre que fica sobre as ruas da cidade.

Para além dos vários salões para a recepção de convidados, reuniões de trabalho ou para a vida quotidiana do governador da cidade comuns a outros palácios pela China, gostei particularmente da zona da prisão e da torre que fica sobre as ruas da cidade.

Pátio no palácio do governador de Pingyao
Pátio no palácio do governador de Pingyao

Logo à entrada do palácio esta torre permite subir ao nível dos telhados e oferece bonitas vistas sobre o colorido, a agitação e o comércio das ruas da cidade.

Na zona dos calabouços encontram-se expostos os mais variados instrumentos de tortura e execuções públicas. Alguns estão mesmo acompanhados de fotografias do seu uso no início do século XX, lembrando que esta não é uma realidade assim tão distante.

Torre do palácio do governador sobre rua antiga da cidade de Pingyao na China
Torre do palácio do governador

A muralha da cidade

Termino o dia a percorrer parte da muralha que se encontra aberta, entre a porta Sul e o templo de Confúcio. Grande parte está fechada por decorrerem aí obras de restauro.

Por fora a muralha está quase toda num estado imaculado e rodeada de jardins e um pequeno fosso com água. Já no interior, há partes que nem estão forradas a pedra, mas sim mostrando o seu interior em terra.

Interior da muralha da cidade de Pingyao na China
Vista para o interior da muralha da cidade de Pingyao
Muralha de Pingyao

Igreja católica de Pingyao

Já em Datong tinha tentado visitar uma igreja, mas encontrei-a fechada. Aqui finalmente surgiu a oportunidade. A fachada humilde contrasta com a riqueza que se vê nos templos taoístas.

Fachada de igreja cristã católica na China
Fachada modesta da igreja cristã católica de Pingyao na China

O muro em redor fecha um recinto onde se insere a igreja e parecem viver alguns dos cristãos da terra. As infiltrações nas paredes contam-me das dificuldades em que vive esta comunidade. A única riqueza é a espiritual, guardada num sacrário com a forma de um lingote de ouro chinês.

Interior de igreja cristã católica na China
Interior da igreja cristã de Pingyao

Comer em Pingyao

Ao almoço entrei num pequeno restaurante familiar onde comi acompanhado apenas pelos proprietários e pelo seu filho que fazia os trabalhos de casa numa mesa ao lado. Ninguém falava inglês, mas a comida era barata e deliciosa.

Para jantar, fiquei-me por um restaurante mesmo ao lado do hotel, com menu é inglês. A comida era boa e servida em grandes doses, mas o preço bastante inflacionado.

Prato de sopa de vaca e taça de arroz e cerveja chinesa em restaurante na China
Jantar de sopa de vaca

No último dia, quando regressei de Mianshan, jantei num restaurante junto à porta Norte, que se revelou uma das melhores refeições da viagem.

Prato como comida chinesa, arroz e cerveja Tsingtao em restaurante na cidade de Pingyao
Deliciosa comida chinesa no último dia em Pingyao

Visitar Mianshan

Aproveitar estar em Pingyao para visitar a fabulosa montanha de Mianshan, 60 quilómetros a Sul de Pingyao. É um local com paisagem de cortar a respiração, onde templos taoistas se equilibram nas encostas de um profundo vale. Vale a pena a visita. Leia sobre este local no artigo que escrevi sobre Mianshan, o monte Mian.

Templos em grutas na montanha de Mianshan perto de Pingyao
Impressionante templo dentro de gruta em Mianshan