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Petra; Património UNESCO na Jordânia

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Petra; Património UNESCO na Jordânia

As ruínas da cidade de Petra foram consideradas recentemente como uma das sete novas maravilhas do mundo. Não concordo nada com esta eleição. São uma maravilha sim, mas do mundo antigo. E uma maravilha mesmo!

Tanto pela beleza da arquitectura em combinação com a tonalidade das rochas em que foi escavada, como pelo engenho técnico dos homens que a construíram. Como muitos, imagino, tive o primeiro contacto com Petra no filme do Indiana Jones, numa altura em que sonhava ser arqueólogo.

Breve História

O local começou a ser habitado cerca de 1200 a.C. Importante rota comercial entre a Península Arábica e Damasco (Síria) durante o século VI a.C., foi colonizada pelos Nabateus no ano de 312 a.C. que a nomearam como sua capital. Petra e a região envolvente floresceram material e culturalmente, graças ao aumento das trocas comerciais pela fundação de novas cidades: Rabbath ‘Ammon (a moderna Amã) e Gérasa.

Sob domínio dos Nabateus que controlavam as rotas comerciais da região, Petra converteu-se no eixo do comércio de especiarias, servindo de ponto de encontro entre as caravanas provenientes de Aqaba e as de cidades de Damasco e Palmira. O estilo arquitectónico dos Nabateus, de influência greco-romana e oriental, revela a sua natureza activa e cosmopolita.
Entre os anos 64 e 63 a.C., os territórios Nabateus foram conquistados e anexados ao Império Romano.

Fachada monumento nas ruínas de Petra

Adriano rebaptizou-a de Hadriana Petrae, em honra de si próprio. Petra continuou a prosperar sob o seu domínio até o ano em que um terramoto destruiu quase metade da cidade. Contudo a cidade não morreu: após este acontecimento muitos dos edifícios “antigos” foram derrubados e reutilizados para a construção de novos, em particular igrejas e edifícios públicos. Em 551, um segundo terramoto (mais grave que o anterior) destruiu a cidade quase por completo. Petra não se conseguiu recuperar desta catástrofe pois a mudança nas rotas comerciais diminuíram o interesse neste enclave.

As ruínas de Petra foram objecto de curiosidade a partir da Idade Média, atraindo visitantes como o sultão Baybars do Egipto, no princípio do século XIII. O primeiro europeu a descobrir as ruínas de Petra foi Johann Ludwig Burckhardt (1812), tendo o primeiro estudo arqueológico científico sido empreendido por Ernst Brünnow e Alfred von Domaszewski, publicado na sua obra Die Provincia Arabia (1904).
Fonte: Wikipédia

Como Chegar

Cheguei lá por fim (não a arqueólogo, mas a Petra) em 2008. Não foi fácil. Pode ver aqui, como cheguei a Petra. Normalmente, vindo de Amman deve apanhar um autocarro para Ma’an e daí seguir para Wadi Musa, ou então um taxi.

O meu amigo João Leitão fez a viagem de taxi desde a fronteira com Israel em Aqaba até Petra e tem uma página muito boa sobre isso. Veja aqui: Petra e Wadi Rum, Táxi Fronteira de Israel e Jordânia na cidade Aqaba até Petra e Wadi Rum na Jordânia, Transporte Petra Jordânia

Visitar Petra

As ruínas de Petra estendem-se por uma área enorme, e para ver tudo serão necessários 2 ou 3 dias. Há bilhetes de 1, 2 e 3 dias, mas em nenhum dos casos se tem desconto de estudante. O preço é de 21JD para 1 dia e de 26JD para 2 dias (aproximadamente o mesmo em euros).

Bilhete para Petra

Se for com tempo, se calhar até vale mesmo a pena ficar os dois dias e ver tudo com calma. Eu comprei o bilhete de 2 dias, sem saber se os ia ficar, mas acabei por ficar só 1 dia.

A entrada faz-se pelo centro de acolhimento, onde se compram os bilhetes e depois se caminha ou vai a cavalo até à entrada do Siq. Para chegar aí a maior parte dos hotéis faz o transporte até lá pela manha, e passa depois ao fim do dia a recolher os visitantes, gratuitamente.

Ruínas de Petra, Jordânia

Para dizer a verdade, fiquei um pouco desiludido com esta visita. Não pelas ruínas em si, que são realmente maravilhosas, ainda mais que aquilo que se possa imaginar. Chateou-me foi o ambiente que se vive no espaço. Por todo o lado, mesmo no canto mais escondido lá estava algum beduíno a tentar vender souvenirs ou alugar um burro. Acho que pela fortuna que se paga para lá entrar, as ruínas e os turistas mereciam um bocadinho mais de respeito, assim como os animais que são usados e abusados pelos seus donos. Mas pronto, é a cultura deles, e há que respeitar e até apreciar. Talvez no dia em que lá fui também anda-se um bocadinho do contra. 🙂

Penso que se pode obter um mapa à entrada, ou então pode sempre levar um de casa, ou um guia que o tenha. As placas a indicar os locais de interesse são muito raras. Convém portanto desenvolver o sentido de orientação.

Fachada do Tesouro, a mais conhecida imagem de Petra

A entrada na cidade faz-se pelo Siq, um desfiladeiro de pedra de 2km que culmina com a mais conhecida imagem de Petra: a fachada do Tesouro. Depois há alguns locais de visita obrigatória, como o teatro, as ruínas romanas, e claro, o Mosteiro. Para lá chegar é necessário subir uma longa escadaria, ou apanhar um burro.

Ao fim do dia percorri ainda um outro desfiladeiro que leva ao incio do Siq. O Lonely Planet chama-lhe o “Adventure Canyon”. É um bom local para descontrair, com passagens  muito estreitas, locais onde é preciso escalar, etc. Atenção que não se pode percorrer em períodos de chuva, já que este foi em parte construído pelos Nabateus para escoar a água do Siq!

A minha visita a Petra

O hostel em que estávamos oferecia transfer gratuito para a entrada de Petra, que fica a uns 2km. Apanhámos o primeiro, e às 7 da manhã já estávamos a aproximar-nos do Siq. Decidi comprar um bilhete de 2 dias, por 26JD contra os 21JD do bilhete de 1 dia. O desconte de 50% para estudantes acabou, provavelmente depois da ridícula eleição das novas 7 maravilhas.

Descer o Siq (vale que conduz à cidade) é um dos maiores sonhos de qualquer fã do Indiana Jones como eu. São quase 2km de constante ansiedade para ver com os próprios olhos a magnifica fachada esculpida na rocha à anos pelos Nabateus. Finalmente depois dumas quantas curvas em que somos constantemente confrontados com os turistas que vão a cavalo, camelo ou charrete, eis que ao virar de mais uma esquina surge a tão ansiada visão.

O Tesouro de Petra espreita no final do Siq

Gosto de viajar sozinho, cada vez mais, especialmente porque de vez em quando se encontra a companhia certa. Foi o que aconteceu aqui na Jordânia. Não tínhamos feito nenhum roteiro para a nossa visita a Petra, mas assim que entrámos, a sintonia estabeleceu-se, e sem ser necessário trocar palavras, iniciamos muito naturalmente a subida ao local dos sacrifícios, em vez de seguir o caminho normal e ir até ao anfiteatro e ao centro da cidade. Chegámos assim a um dos pontos mais altos de Petra, uma subida de cerca de 40 minutos por escadas, um daqueles caminhos que quase ninguém percorre mas que vale a pena pelas fantásticas vistas sobre as montanhas e as ruínas da cidade, pelas 10:30, estafados mas com um grande sorriso 🙂

Pelos trilhos de Petra

A descida conduziu-nos novamente por escadas não menos espectaculares que as primeira, escavadas na rocha multicolorida, com vendedores por tudo quanto é sitio.

Foi aqui, de regresso à Petra civilizada que comecei a desgostar daquilo. Quisemos comer uma bucha, mas os únicos locais à sombra existentes estavam ocupados ou por burros, ou por … burros que decidiram encaixar ali restaurantes no meio das ruínas. Decidimos ficar junto aos de quatro patas, pois trazíamos o nosso próprio comer na mochila. A ajudar à festa, algumas das antigas casas são usadas como garagem das pickups dos felizes proprietários daqueles estabelecimentos, outras como armazém, e até como central eléctrica com um ruidoso gerador :S

O burro BMW em Petra, Jordânia

Assediados por dezenas de alugadores de burros que nos preveniam para uma dolorosa ascensão de 2 horas com mais de 40º à sombra até ao Mosteiro, lá iniciamos a subida. Com algumas paragens pelo meio chegamos ao topo em muito menos de 2 horas.

A bonita fachada do Mosteiro em Petra

É engraçado que mesmo aqui no topo encontrei um restaurante que aceita Visa. Depois, chega mesmo a ser cómico a disputa pelos turistas. Junto ao Mosteiro há uns miradouros de onde se consegue ver o vale do Negev em Israel, e em cada um desses pontos, mais uma banca de vendedores. Então a grande distancia já se conseguem ver placas gigantes “VIEW” que indicam o melhor viewpoint.

Miradouro para o deserto do Negev em Petra

Ao inicio da tarde estávamos de novo no centro da cidade onde demos uma espreitada às ruínas.

Aqui, ouvir alguém ao longe gritar por “Samuel!” É uma sensação um bocado estranha, estando ali tão longe de tudo. Era o Alex, o nosso amigo italiano e os franceses que tínhamos deixado à dois dias em Ammam. Foi um encontro rápido… eles queriam continuar a visita à cidade e nós estávamos mais virados para um percurso que uns rapazes nos tinham aconselhado no dia anterior.

O vale da aventura em Petra

Wadi Muthalin ou “The Adventure Canyon”, é um canyon semelhante ao Siq, mas muito mais estreito (chega a ter zonas às curvas na fenda da rocha com menos de meio metro, e degraus de 2 metros que se têm de escalar). Termina num túnel que servia de escoamento às aguas mesmo à entrada do Siq. Como o fizemos em “sentido contrário”, só à saída vimos a placa que estava à entrada, e que já nos tinha acompanhado por mais locais neste dia.

Eram já umas 4 da tarde quando aí chegamos. Já havia muita gente a sair e como ainda tínhamos tempo decidimos descer novamente o Siq. Afinal fui a Petra mesmo por aquela típica imagem do Indiana Jones a aproximar-se do Tesouro, e já que estava ali queria reviver esse momento mais uma vez, pois já tinha decidido que não ia ficar mais um dia em Petra.

E agora sim, para terminar as condições de luz eram mais apropriadas para a fotografia épica:

Mapa de Petra


Ver Petra num mapa maior

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