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Grande Zimbabwe

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Grande Zimbabwe
O autor nas ruínas do Grande Zimbabué

ruínas do grande zimbabwe

O Grande Zimbabwe está para a África Austral como o Machu Pichu para a América do Sul, a Grande Muralha da China para a Ásia, ou as Pirâmides do Egipto para o Médio Oriente.

Trata-se de um dos mais impressionantes vestígios arqueológicos do mundo e um local que há muitos anos eu sonhava visitar.

Felizmente não tinha muita informação sobre este local e antes de lá ir tinha visto pouco mais que a fotografia da torre cónica, normalmente com cores desbotadas. Foi melhor assim. Surpresa a cada esquina, construções de pedra sobre pedra que não deixam ninguém indiferente e a calma de poder visitar um espaço que recebe mais babuínos que turistas.
Este “zimbabwe” que quer dizer “casa de pedra” foi chamado de “Great” para o distinguir como a maior das “casas de pedra” existentes naquela região de África.

O próprio país acabou por ser apelidado com o mesmo nome, como forma de quebrar com o domínio inglês associado a Cecil Rhodes e à “sua” Rodésia e retomar ao passado glorioso em que esta civilização dominava toda esta região de África.

Na própria bandeira do país, surge hoje um pássaro igual aos das estátuas encontradas nas ruínas, símbolo do poder dos antigos réis.

O autor nas ruínas do Grande Zimbabué

Visitar as ruínas

A visita às ruínas pode ser feita de forma livre ou com guia oficial. Eu normalmente gosto de fazer as visitas ao meu ritmo, mas aqui optei por ir com um guia e foi a escolha acertada.
Embora por vezes tivesse alguma dificuldade em perceber as suas explicações, já que o sotaque aqui torna o inglês um pouco complicado, ele acabou por nos explicar grande parte da história e das funcionalidades de cada espaço, assim como levar-nos a locais que nunca iríamos descobrir por nós, pelo menos daquela forma.

O nosso guia na subida à Cidadela

Exemplo disso foi uma gruta que fica no topo da parte alta e que servia de megafone para o rei, que vivia lá em cima, comunicar com o povo e especialmente chamar uma ou mais das suas 200 mulheres que viviam na parte baixa. O eco que se ouve ao gritar lá dentro é assombroso!

No final da visita guiada pode-se ficar lá e voltar a visitar novamente todo o espaço. Foi o que fizemos.

Dados práticos:

  • Horário: 6h00 às 18h00, todos os dias
  • Preço: 15 UDS
  • Preço do guia: 3UDS por pessoa

As ruínas dividem-se em duas zonas: a parte alta, a Cidadela e a parte baixa, onde fica a grande muralha elíptica.

Grande muralha elíptica

A construção que mais me impressionou foi esta grande muralha, com mais de 10m de altura em algumas zonas, construída unicamente com pedra, sem recurso  a qualquer argamassa de fixação.

Uma estreita passagem afunilada conduz-nos por fim junto da enigmática torre cónica naquela que seria a zona dos homens.

A Grande Muralha Elíptica do Grande Zimbabué

Parte das ruínas foram reconstruídas por arqueólogos britânicos, nem sempre da forma mais fiel ao original.
Aqui, mais uma vez, sente-se um pouco da injustiça a que os portugueses estão sujeitos, já que os exploradores britânicos do séc. XIX são dados como os primeiros europeus a verem as ruínas, mas já os portugueses no séc. XV relataram a existência desta cidade, tendo-a visitado no seu auge.

Junto às ruínas há um pequeno museu onde, entre outras coisas, estão expostos os famosos pássaros de pedra aqui encontrados.

No interior da muralha do Grande Zimbabué

Cidadela

Esta era a zona alta da cidade habitada pelo rei. Construída no topo de um morro granítico ao qual o acesso é feito por uma ingre-me escadaria que serpenteia pela encosta até chegar a uma fenda no próprio granito que não terá mais que meio metro de largura, dificultando assim o acesso a quem quisesse tomar de assalto a fortaleza.

Cidadela do Grande Zimbabué no topo do monte

Oferece vistas fabulosas sobre os vales que se estendem em redor, assim como sobre a parte baixa da cidade. É também interessante verificar que em cada reinado tudo era destruído e construído de novo, pelo que em certas zonas as escavações puseram a descoberto as camadas de cada rei.

Onde comer e dormir

As possibilidades de alojamento no grande Zimbabwe são muito limitadas, mas bem localizadas: pode dormir ali mesmo, praticamente dentro das ruínas.

Resumindo, há duas hipóteses: o hotel Great Zimbabwe, para quem tem um orçamento mais folgado, a cerca de 1km do local e o Great Zimbabwe Campground and Lodges, que é explorado pelo estado e fica mesmo às portas das ruínas.

Campground and Lodges – alojamento nas ruínas do Grande Zimbabué

Como o nome indica o Campground and Lodges ocupa um espaço onde é possível acampar ou ficar alojado num dos rondavels ou em pequenas casas familiares. Nós ficámos num rondável, que é  uma pequena casa circular, com duas camas e telhado de colmo. As casas de banho são partilhadas e pela manhã temos logo a companhia dos macacos para o pequeno almoço.

A recepção fica um pouco longe, mesmo no fim do parque, junto às casas familiares.  Os balneários têm boas condições e água quente, embora os banhos sejam só na zona de campismo.

Jantar no hotel Great Zimbabwe

Quanto à comida, as opções são ainda mais limitadas: ou tem a sua própria comida e pode cozinhar fazendo fogueira nos espaços próprios ou vai ao restaurante do hotel que fica a cerca de 1km. Eu fui jantar ao hotel com a minha irmã e ficámos muito satisfeitos com a comida. Pagámos 15USD cada, com sopa, prato, bebidas e café. Leve uma lanterna boa se for à noite porque aqui a noite é mesmo escura. Os guardas garantiram-nos que era seguro, apesar dos sons que se ouviam vindos do mato.

Macaco a roubar comida do nosso quarto

Como chegar

A cidade mais próxima das ruínas é a muito calma Masvingo. É para aqui que terá de apanhar transporte quer venha de Bulawayo, Harare ou África do Sul.

De Masvingo para as ruínas há minibus frequentes que partem duma rua por trás do prédio mais alto da cidade (vai encontrá-lo facilmente).

De Harare para Masvingo

Para chegar a Masvingo a partir de Harare na minha viagem pelo Zimbabwe, seguimos as dicas que nos deram no Small World Backpackers Hostels, onde passámos a noite anterior.

Apanhámos um táxi para Mbudzi, uma zona à saída da cidade na estrada que segue para sul em direcção a Beitbridge e Masvingo.

Não é propriamente uma estação de autocarros, mas sim uma rotunda onde param todos os transportes que seguem para sul. Para lá chegar tem de apanhar um táxi na cidade para percorrer os 15km. Nós pagámos 15UDS e parece ser esse o preço “oficial”.

Uma vez na estrada é esperar que pare algum autocarro ou mesmo um carro particular. Para rentabilizar a viagem, quem vai de carro particular faz também o transporte de passageiros. Pode tentar parar os carros que vão a passar, como que a pedir boleia, mas terá sempre de pagar os 8USD pela viagem.

Visitantes no Grande Zimbabué ao Por-do-Sol

Mapa do Grande Zimbabwe


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6 COMENTÁRIOS

  1. Entenda-se “África” como “África Subsaariana”. No contexto, não me refiro a placas tectónicas, mas a culturas. “Médio Oriente” também não é um continente… 😉

  2. Pá, sem dúvida alguma que este local deve ser um dos primeiros sítios que eu alguma vez pensei em visitar desde a minha infância. Através de um livro que tinha em casa Zimbabwé a Misteriosa. muito bom! espero visitar brevemente.

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