Início Europa Itália Uma visita inesperada a Milão

Uma visita inesperada a Milão

1
Uma visita inesperada a Milão
A imponente catedral de Milão
A imponente catedral de Milão

Trocaram-me as voltas, mas dormi que nem um bebé, comi que nem um abade ao pequeno almoço junto com alguns pilotos e hospedeiras. E melhor que tudo, quando faço o check out não pago nada e tenho logo ali à porta a carrinha do hotel que me vai deixar de novo ao aeroporto onde apanho o autocarro para a cidade de Milão, a uns 50km dali.

No dia anterior vi o meu voo de Milão para Sófia cancelado devido a uma greve de pilotos em França. Tinha assim meio dia para explorar Milão antes de seguir a viagem.

Itália está a acordar. São 8 da manhã quando chego à estação central de Milão, onde para além de comboios também param os autocarros que fazem o transfer de Malpensa para a cidade. Como sempre quando chego a uma estação de comboio numa grande cidade europeia sou atacado pelo arrependimento. Arrependimento de não ter feito um interrail pela Europa enquanto era legalmente jovem, porque ao contrário de muitos, penso que as “low cost” não mataram o interrail.

Ainda assim, nas grandes cidades de Itália posso sempre experimentar um bocadinho desse espírito: compro um bilhete de metro válido por 24 horas por 3€ posso saltar de estação em estação sem ter de me preocupar. Primeira paragem: o Duomo, a enorme catedral gótica de mármore e exlibris da cidade. Já não chove como ontem, mas o céu está enevoado e há pouca gente nas ruas.

É muito bonito, mas na verdade, hoje queria mesmo era ver as cúpulas douradas da catedral de Catedral de Alexander Nevsky em Sófia, 1500 quilómetros daqui. Sou revistado à entrada por militares. Lá dentro a escuridão é iluminada por grandes telas dos artistas do renascimento.

Cá fora, numa luxuosa cave a poucos metros está o posto de turismo. Apesar de ter visto na net que há autocarro, tenho de saber de onde ele sai, como lá chegar e, mais importante, comprar bilhete. O atendimento é do melhor que já tive.

A senhora, de origens latino-americanas informa-me de tudo, dá-me um mapa, e diz-me que posso comprar o bilhete ali mesmo. Enquanto isto vão passando alguns turistas com a pergunta que se impõe: “Como fazemos para ver a “Ultima Ceia” de Da Vinci?”.

A resposta é simples: se não reservaram a visita com 2 ou 3 meses de antecedência, podem entrar num tour pela cidade por 55€ que inclui visita ao mosteiro de Santa Maria delle Grazie, onde nas suas paredes está pintada essa obra prima do artista toscano.

Em poucos minutos, por 76,5€ (com desconto de estudante) tenho o meu bilhete Milão – Bucareste. Precisava agora de encontrar um supermercado e comprar alguma comida para a viagem, mas depois de andar mais de uma hora à procura, não encontrei nada. É impressionante como as grandes superfícies acabaram com o pequeno comércio.

Aproveitando o meu bilhete de metro, vou até Lampugnano, de onde partem os autocarros, para verificar se está tudo bem com o meu bilhete. Depois ainda volto junto ao Duomo, mas o céu cinzento mantém-se. Caminho até ao Castelo Sfrozesco, onde tal como junto ao Duomo há dezenas de jovens emigrantes africanos a tentarem ver pulseiras.

Depois de me escapar a uns quantos, lá há um que não consigo evitar. Mete conversa comigo. É senegalês e fica todo contente quando lhe digo que já estive no Senegal. Por fim, acaba por me conseguir atar a pulseira ao braço. Diz que para dar boa sorte. Eu, depois do dia de ontem acho que devo adoptar um amuleto para esta viagem e agradeço-lhe.

Digo agora adeus a Milão e vou definitivamente até Lampugnano. Como umas sandes num bar da garagem e espero pelo autocarro. Estão mais dois jovem com aparência de romenos na linha de partida, com horário previsto para as 13:30. Mas, ás 14 horas ainda não chegou o autocarro. Tiro uma foto a um mapa das estradas da Europa que está afixado na parede da garagem para poder seguir o percurso. Estou ansioso. Vão ser mais de 24 horas num autocarro.

1 COMENTÁRIO

Comentários estão fechados.