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Assuão: do obelisco inacabado à grande barragem

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Assuão: do obelisco inacabado à grande barragem

Ultimo dia no Egipto. Com tudo visto em Luxor, ou pelo menos o que me interessava, foi para ir ao local mais a Sul podia num dia de viagem: Assuão. Abu Simbel já estava excluído à partida.Fica para quando fizer uma viagem Cairo-Cabo por terra.

Viagem de comboio de Luxor para Assuão

Mais uma vez, num comboio decorado com toureiros e cavaleiros espanhóis,  o frio imperava, e portanto fui grande parte do caminho junto a uma porta aberta, o que embora perigoso me permitia tirar umas fotos e respirar o ar quente e natural.

O percurso é lindíssimo e faz-se em grande parte junto ao rio Nilo onde constantemente se vêm barcos de cruzeiros a passar e cenas rurais nas margens do rio. É interessante que em alguns pontos a linha de comboio faz a separação entre o deserto e as margens do Nilo, então olhado por uma janela vêm-se belas plantações de milho, e na outra, o mais agreste dos desertos.

comboio nilo
Junto ao Nilo no comboio de Luxor para Assuão, no Egipto

Quase a chegar a Assuão passei por algumas aldeias que pela primeira vez me fizeram recordar que o Egipto é África. Não sei, há algo de especial que não senti no resto do país. A paisagem o ambiente a arquitectura, começam a mudar por completo.

Assim que cheguei deparei-me com duas situações tristes e um quanto perigosas. Primeiro, logo à saída da estação, junto à marginal fui assediado por vendedores de haxixe. Mais à frente, ladrões com um elaborado esquema para conseguir uns trocos do turista mais desatento.

Marginal de Assuão, junto ao rio Nilo

Por fim, os  capitães das Felucas que acabaram por levar com a minha indignação em cima mesmo sem culpa nenhuma. Por fim pedi desculpas e eles compreenderam-me perfeitamente. Sabem bem a situação em que o país se encontra, e que é notada especialmente por quem anda sozinho.

Almoço de peixe em Assuão, Egipto

Depois de nos últimos dias ter andado a comer ementas demasiado turísticas, apeteceu-me variar um pouco, e optei por um daqueles restaurantes autênticos, onde não passaria pela cabeça de nenhum asae-o-português comer.

Perto da Mesquita principal da cidade encontrei uma rua com pequenos restaurantes em que na sua maioria estavam a grelhar o peixe na rua que depois era servido no seu mínimo interior, onde no caso do onde eu comi só cabiam 4 pessoas. Bom, foi o melhor peixe que já comi até hoje e a refeição mais memorável desta viagem. Estava mesmo bom, até para mim que não aprecio peixe. Comi saladas mal lavadas, bebi água do jarro comum, paguei pouco, e melhor que tudo, não deu caganeira! 🙂

Mesquita na cidade de Assuão, Egipto

O obelisco inacabado

Já almoçado caminhei em busca do obelisco inacabado, passando pelo caminho por uma igreja copta na qual entrei. Estando num país tradicionalmente islâmico é coisa que não se espera muito encontrar, mas há-as. Especialmente no Cairo, e também em Luxor vi uma mesmo ao lado do templo e da mesquita. Felizmente vive-se uma tolerância religiosa um pouco diferente daquele em que os europeus acreditam.

O obelisco inacabado em Assuão, Egipto

O  obelisco inacabado revelou-se o local mais impressionante que visitei no Egipto. Para nós é muito fácil não nos surpreendermos com grandes obras, pois vivemos numa época em que é fácil edificar grande edifícios.

A situação muda quando se vê um enorme bloco de pedra que nunca chegou a ser removido do local de extracção, com 42 metros de comprido e um peso estimado de 1200 ton, e pensamos que para o tirar dali, como muitos outros saíram, seria sem recurso a qualquer máquina moderna, e que mesmo para a tecnologia actualmente existente, ia ser um desafio!

Barragem de Assuão

Estava já a meio da tarde e tendo absoluta necessidade de apanhar o comboio para Luxor neste dia, pois tinha voo no dia 28 de manhã, fiz apenas mais uma visita. Negociei um táxi junto ao obelisco e, sendo eu estudante de Eng Electrotécnica, fui visitar aquilo que torna Assuão conhecida: a Barragem de Alto Assuão.

O autor no paredão da barragem de Assuão, Egipto

Em termos visuais a barragem tem pouco de impressionante. É um enorme dique em terra, pedras e areia e não uma parede de betão como nós estamos habituados. Cria no entanto um dos  maiores lagos artificiais do mundo que vai até ao Sudão e obrigou à movimentação de monumento como Abu Simbel.

Junto a ela encontra-se a “Flor de Lotus” um monumento que celebra a parceria Egípcio-Russa na construção da barragem que acabou com as cheias do Nilo e a agricultura como era conhecida no tempo dos faraós.

Monumento da Flor de Lotus junto à barragem de Assuão

Depois de saber que só teria comboio uma hora mais tarde que o previsto, fiquei pela marginal a escrever uns postais que tinha prometido enviar a ver um dos mais belos por-do-sol do mundo.

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